Entrevista com Nganga (Filhos da Ala Este)

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Zona Sul - Quem é, e porque Nganga wa mbote?

Nganga Wa Mmote: meu nome de registo é Paulo Manuel Magalhães, nascido aos 20 de Abril de 1978, adotei o nome de Nganga wa mbote devido a Afro-renascença,fugindo e banalizando as culturas euro cêntricas,porque os nomes na lingua materna tem uma identidade,uma
Cultura,um significado concreto e na lingua materna Kimbundo, Nganga wa mbote significa (feiticeiro do bem).

ZS-Quando é que começou a cantar, e quais foram as suas influências?

NWB:Comecei a cantar em 1993,e gravei a minha primeira música no mesmo ano no estudio
Futuro do Mister Power,e as minhas influências vieram do House music,eu escutava muita música electronica,eu ficava contagiado quando ouvisse o grupo Real to Real,
Sneep, Mc Hummer, depois fui subindo ,ouvindo Naughty by Nature, N.W.A e Das Efx.
Cá na banda sentia as cenas dos manos como Soldados de Rua, G.C Unite de Kool Klever,Acção Positiva etc...

ZS-Os Filhos Da Ala Este fazem rap desde os anos 90,é um dos veterano e carismático grupo de Rap underground em Angola, sendo isso, porque até agora não lança uma obra discográfica?

NWB:É assim, na altura devido a certas situações precárias que o país vivia,tinhamos chegado a um acordo que não era o momento certo para lançarmos um disco,nao havia incentivo por parte do próprio movimento HipHop alternativo,também devido o medo que havia por partes das ditas gravadoras independentes não arriscaram ou seja apostaram nos Filhos Da Ala Este,e por outra, certos elementos do grupo dedicaram-se
mas nas suas formações profissionais,uns constituiram familias,uns imigraram enfim.
Mais com tudo estamos a trabalhar na medida possivel que este ano ainda o disco da Ala Este saia,estamos a bumbar no sentido não fugindo da nossa tecla, politicamente rap.

ZS-Num contexto geral leva a música como uma profissão?

NWB:sendo um artista de intervenção, um ativista do rap eu digo que levo a música rap como escola da minha vida,sendo ela arte,alimento para alma, então uso-a como veiculo de protesto, de educação,rap é arte de rua e eu não fugi a regra. Agora leva-la como profissão ainda é um pouco complicado.

ZS-Qual é a analise que faz do rap de ontem,e o rap de hoje?

NWB:anteriormente eramos mais unidos,havia mais meetings, palestras, workshops, espetáculos enfim, a paz de espirito, a irmandade, a vontade de trabalho reinava
no seio do movimento,e fazia-se sentir o rap na rua.Agora no rap de hoje é so entrigas o chamado beef,não há união, há muitos conflitos entre os rappers,estão a cagar para música arte, cada um por si. Mais não significa que não se faz um bom rap,ha muitos bons Mc's nesta nova geração, mas é necessário que haja mais conexão entre os rappers. Sinto a falta de B.boys, grafiteiros e Djs de rap que quase não existem, são muito poucos.

ZS-Qual é o teu ponto de vista do rap underground e o mainstream (comercial)?

NWB:para mim, quem intitula-se de comercial, é como um porco que entrega-se a lama
porque a música é que é comercializada, e não o artista, até porque não adianta retratar coisa que não tens ou não vives, esta tudo bem que o rap tambem é diversão,mais eu não faço comédia com a minha música. falando do underground, é aquele que faz música por um proposito,por um objectivo social,que tem uma menssagem positiva,um despertar de conciência,só é mesmo underground quem realmente vive,e sente o rap.

ZS-Sendo um Mc actualizado, és da opinião que foi num momento certo a organização do can de 2010 em Angola?

NWB: no meu ponto de vista sim, fez-se quatro magnificos estádios, que na minha opinião
é a maior e melhor obra que o governo ja fez em curto espaço de tempo,é uma mais valia no sector do desporto e não só, surgirão aberturas de novos empregos, e vamos ter daqui endiante parceria com outros paises em termos de actividades desportivas, é melhor um estádio do que uma simples ponte(risos)...

Fonte: Zona Sul
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1 comments:

Jobove - Reus disse...

very good blog, congratulations
regard from Reus Catalonia
thank you